O perigo de se iniciar o CMDB (ou CMS) por uma solução de inventário

 

O processo de gerência de configuração (GC) exige uma disciplina rígida para que não ocorra inconsistência dos dados. A dificuldade de encontrar uma ferramenta que se adeque ao processo e ao orçamento, e ter os recursos (pessoal e técnico) para a implantação e operação do CMDB torna, em minha opinião, a gerência de configuração (GC) um dos processos mais complexos a serem implantados.

Em algumas empresas o processo da GC começa sem um escopo delimitado, ou seja, não se focou em um grupo pequeno de serviços, mas em toda a TI. Nesses casos, é comum que um software de inventário (como o SCCM - System Center Configuration Manager) seja utilizado como o ponto de partida do CMDB. Um software de inventário pode alimentar um CMDB, mas faltam funções críticas para que seja bem sucedido na GC.

O objetivo principal de um CMDB é ajudar a organização a compreender as relações entre os componentes de TI e controlar sua configuração. O mais importante para o CMDB não existe em softwares de inventários, que é o relacionamento entre os componentes. Quando os componentes acordados de infra-estrutura, aplicativos associados, plataforma, middleware, rede e armazenamento que compõem a configuração de um serviço são relacionados, a análise de impacto de mudança é mais precisa.

Um software de inventário fornece informações que não são pertinentes para a GC. Por exemplo, qual a finalidade de se armazenar o modelo, marca e CPU de um computador em um CMDB? Essas informações não agregam valor na análise de uma mudança que já foi planejada e definida pelas áreas competentes.

Um CMDB deve conter a funcionalidade de linha do tempo (baseline), que mostra a configuração dos itens de configuração de um sistema em um ponto específico no tempo. Essa função permite o sistema seja reconstruído, após um erro de configuração, em uma data posterior. Dificilmente se encontra essa característica em softwares de inventário.

Outro ponto importante que não é coberto é facilitar/permitir o acesso às informações contidas no banco de dados por outros processos de governança. A quantidade de tabelas e relacionamentos destes produtos praticamente inviabiliza a integração para que os processos de gestão de mudanças e entrega atualize e altere os itens de configuração.

Dados os pontos acima, recomendo fortemente que se utilizem processos automáticos para a atualização dos ICs, extraindo os dados do software de inventário, e não utilizar o software de inventário como um CMDB inicial.